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segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

USO DE IMAGEM NA HISTÓRIA - Resumo da obra Câmara Clara de Roland Barthes


Resumo da Obra de Barthes – Câmara Clara ou Câmara Lúcida.

“ a vida é, assim, feita de golpes de pequenas solidões… Meu interesse pela fotografia adquiriu uma postura mais cultural. Decretei que gostava da Foto contra o cinema, do qual todavia, eu não chegava a separá-la. Essa questão se fazia insistente. Em relação à Fotografia eu era tomado de um desejo “ontológico”: eu queria saber a qualquer preço o que ela era “em si”, por que traço essencial ela se distinguia da comunidade de imagens.” […] “eu não estava certo de que a Fotografia existisse, de que ela dispusesse de um “gênio” próprio”. Pág. 11

Classificação? “A Fotografia se esquiva” para formar-se um “corpus” ( uma base científica).

Divisões empíricas e de fato da fotografia.



PROFISSIONAIS


AMADORAS
Retóricas – PAISAGENS – OBJETOS – RETRATOS – NUS
Estéticas – REALISMO – PICTORIALISMO



Exteriores ao objeto sem relação com a sua essência com o Novo de que ela foi o advento.

Conceito do que é Fotografia segundo Barthes é inclassificável e “Qual a causa desta desordem é:

“ o que a Fotografia reproduz ao infinito só ocorreu um vez: ela repete mecanicamente o que nunca mais poderá repetir-se existencialmente.”

O acontecimento jamais se sobrepassa para outra coisa.

PARTICULAR ABSOLUTO ou CONTINGÊNCIA SOBERANA?

“ o real em sua expressão infatigável”. Lacan 53-66.

“ Isso é isso, é tal!” “Olhem” , “Olhe” “Ei aqui” o “VIS – À – VIS – linguagem dêitica.

A fotografia sempre traz consigo seu referente, colado um ao outro com a referência significante. Teimosia do referente – a essência.

Fatalidade: não há foto sem alguma coisa ou alguém. Uma foto é sempre invisível, não é ela que vemos. O refente adere. Uma foto pode ser objeto de 3 práticas e/ou emoções ou ainda intenções – fazer, suportar e olhar.

Agentes do processo da Fotografia

Operator – fotógrafo. A emoção do operador, a relação com o pequeno orifício, o estênopo pelo qual ele olha, limita e enquadra e coloca em perspectiva o que ele quer captar e surpreender. Depois a foto para por dois processos o químico e o físico onde revela-se o objeto da foto. O operador elege a visão recortada pelo buraco de uma fechadura da câmara obscura.

O gesto essencial do Operator é o de surpreender alguma coisa ou alguém (pelo pequeno orifício da câmara) e que esse gesto, é, portanto, perfeito quando se realiza sem que o sujeito fotografado tenha conhecimento dele. Deste gesto, derivam abertamente todas as fotos cujo princípio ( seria melhor dizer cujo álibi) é o “choque”; pois o “choque” fotográfico (bem diferente do punctum) consiste menos em traumatizar do que em revelar aquilo que estava tão bem-oculto, que o próprio ator dele estava ignorante ou inconsciente. Assim, toda uma gama de “surpresas” assim são elas para mim, Spectator, mas para o Fotógrafo são “desempenhos”.

Spectator – somos todos nós que compulsamos

Fotografado – o alvo, o referente. Pequeno simulacro de eídolon emitido pelo objeto spectrum da fotografia, espetáculo “o retorno do morto”.

Além dos processos químicos e físicos há as 2 experiências: a do sujeito olhado e a do sujeito que olha.

Escolhe como guia no estudo da Fotografia a COMOÇÃO. “Posar” - Fabrico-me – transformação ativa. E se a Fotografia podesse dar um corpo neutro? Ou ainda Fato objetivo do tipo PHOTOMATON, ver-se a sim mesmo. A foto e a fotografia de acesso a qualquer pessoa provoca um distúrbio na civilização moderna que não é só a elite que pode retratar-se. Antes da fotografia a visão do duelo Heautoscoscopia de uma alucinose. Mal – estar: “Me olho em um papel”. Distúrbio de propriedade. A quem pertence minha foto? Incerteza de uma sociedade para qual o sujeito, o ser basea-se em ter. A fotografia o ser vira objeto. O espartilho de minha essência imaginária. Foto-retrato= campo cerrado de forças. 4 imaginário diante da objetiva: 1 – sou o meu tempo aquele que eu me julgo; 2 - daquele que eu gostair que me julgassem;3 – aquele que o fotógrafo me julga e 4 – aquele que seria para divulgar sua arte.

Não paro de me imitar – toda vez que é fotografado a sensçaõ de inautenticidade. Micro experiência da morte tornando-se espectro. Toda imagem é a morte em pessoa. O outro, é outros desaproriaram-me de mim mesmo fazendo-me objeto, isso é o eidos de foto. A desordem reencontra-se no spectador que eu era e interrogo.

A atração por certas fotos – fascinação? O que uma foto dá um estalo? Aventura? Ela a aventura me anima é o que toda aventura produz.

“Como Spectador, eu só me interessava pela Fotografia por “sentimento”: eu queria aprofundá-la, não como uma questão ( um tema), mas como uma ferida: vejo, sinto, portanto noto, olho e penso.” pág. 26.

Conceito de Studium

“O que experimento em relação a essas fotos tem a ver como um afeto médio, quase com um amestramento. Eu não via, em francês, palavra que exprimisse simplesmente essa espécie de interesse humano; mas em latim, acho que essa palavra existe: é o studium que não quer dizer estudo mas a aplicação a uma coisa, o gosto por alguém, uma espécie de investimento geral, ardoroso mas sem acuidade particular.”

“Muitas fotos, infelizmente, permenecem inertes dianta do meu olhar.”

“O studium é o campo muito vasto do desejo indolente, do interesse diversificado, do gosto insconsequente: gosto/não gosto, I like/I don’t. O studium é da ordem do to like, e não do to love, mobiliza um meio desejo, um meio querer, é a mesma espécie de interesse vago, uniforme, irresponsável, que temos por pessoas, espetáculos, roupas, livros que consideramos “distintos”.” Reconhecer o studium é fatalmente encontrar as inteções do fotógrafo, entrar em harmonia com elas, aprová-las, desaprová-las, mas sempre compreendê-las, discuti-las em mim mesmo, pois a cultura ( com que tem a ver o studium) é um contrato feito entre os criadores e os consumidores.

“O studium é uma espécie de educação ( saber e polidez) que me permite encontrar o Operator, viver os intentos que fundam e animam suas práticas, mas vivê-las de certo modo ao contrário, segundo meu querer de Spectator. Isso ocorre um pouco como se eu tivesse de ler na Fotografia os mitos do Fotógrafo, fraternizando com eles, sem acreditar inteiramente neles. Esse mitos visam evidentemente reconciliar a Fotografia e a sociedade dotando-a de funções, que são para o Fotógrafo outros álibis. Essas funções são: informar, representar, surpreender, fazer significar, dar vontade. E eu, Spectator, eu as reconheço com mais ou menos prazer: nelas invisto meu studium ( que jamais é meu gozo ou minha dor).” pág. 32.

Conceito de Punctum

O segundo elemento vem quebrar ( ou escandir) o studium. Desse vez não sou eu que vou buscá-lo ( como invisto com minha consciência soberana o campo do studium, é ele que parte da cena, como uma flecha, e vem me transpassar. Em latim existe uma palavra para designar essa ferida, essa picada, essa marca feita por um instrumento pntudo, essa palavra me serviria em especial na medida em que me remete também à ideia de pontuação em que as fotos de que fala são , de fato, como que pontuada, às vezes até mesmo mosqueadas, com esses pontos sensíveis, essa marcas, essas feridas são precisamente pontos. Esse segundo elemento que vem contraria o studium chamarei então de punctum… O punctum de uma foto é esse acaso que, nela, me punge, mas também me mortifica, me fere.

Neste espaço habitualmente unário, às vezes ( mas infelizmente, com raridade) um “detalhe” me atrai. Sinto que basta sua presença para mudar minha leitura, que se trata de uma nova foto que eu olho, marcada a meus olhos pro um valor superior. Esse “detalhe” é o punctum ( o que me punge).

“Não é possível estabelecer uma regra de ligação entre o Studium e o Punctum ( quando ele está presente). Trata-se de uma copresença, é tudo o que se pode dizer: as freiras “estavam lá”, passando no fundo, quando Wessing fotografou o soldados nicaraguenses: do ponto de vista da realidade ( que talvez seja a do Operator), toda uma causalidade explica a presença do “detalhe”: a Igeja está implantada nesses países da América Latina, a freira são enfermeiras, deixam-nas circular etc. O Punctum é um “detelhe” ou seja, um objeto parcial.” pág. 44.

I – Exercícios e Atividades

1 – Verifique as fotos suas que mais gosta e procure identificar o Studium e o Punctum das mesmas – no mínimo duas fotos.

2 – Fotografe com seu celular o dos colegas uma foto que tenha os dois elementos apresentados por Barthes.

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