REFORMA PROTESTANTE
Questões para se pensar:
1 – Se Deus é único por que há tantas religiões?
2 – Se Deus é bom por que há tantas guerras entre as religiões e seus seguidores ou fiéis?
3 – Por que depois da Reforma Protestante surgiram novas religiões e igrejas?
4 – O poder da fé se reduz em razão das divisões entre as religiões?
5 – O Deus ou a Igreja em que você acredita considera todos humanos irmãos entre si e filhos dele? Sua resposta foi sim então por que – se todos são irmãos entre si – há pessoas passando fome e necessidade? Você é solidário com “seus irmãos”?
6 – Se todos foram feitos pelo mesmo Deus por que então há preconceitos e discriminação em razão dos diferentes comportamentos culturais entre os povos e as pessoas que não são iguais?
7 – Por que algumas religiões surgiram com um único Livro Sagrado e mesmo assim, usando este texto como
sagrado e referência, há diferentes interpretações e leituras diferentes do mesmo livro?
8 – Como as religiões tradicionais reagem aos novos comportamentos das sociedades e das pessoas?
As dúvidas sobre religião, crença, limites entre crença e ciência estão na base das diferentes religiosidades. Conhecer as diferenças permite entender a sua própria religião e além disso, possibilita ter argumentos para reafirmar sua crença. O problema é que esta reafirmação – em alguns casos – deixa o terreno dos debates e ocorrem os conflitos, alguns dão início a guerras religiosas intermináveis, como é o caso dos conflitos do Oriente Médio e da Europa.
CAUSAS DA REFORMA RELIGIOSA NA EUROPA
1 – Cobrança de Impostos pelo Papado Católico dos Estados Nacionais Europeus e os Proprietários de Terras e Bens, além da nova classe social emergente a burguesia mercantil, e de manufaturas que eram contra ao pagamento de tributos à Igreja e ao Estado.
2 – Venda de Indulgências – em troca de aliviar a penitência para os pecadores ou até absolver pecadores de seus pecados sem penitências, alguns padres e autoridades eclesiásticas recebiam contribuições em dinheiro para “obras da Igreja”, algumas dessas contribuições eram apropriadas por membros do clero e então – quando descobertos – eram acusados de SIMONIA = corrupção nos bens da Igreja.
3 – Questões Teológicas – divisão da Igreja em duas grandes concepções:
3.1 -TEOLOGIA AGOSTINIANA
“
Deus, onipotente, escolhia, de acordo com seus desígnios, aqueles que iriam para o paraíso e os que trilhariam o caminho da perdição, destinados ao inferno.” Santo Agostinho.
Augustinus Hipponensis ou Agostinho de Hipona, nasceu em 13/11/354 na cidade de Tagaste, na Numídia, hoje atual Souk Ahras, Argélia. Viveu 75 anos morrendo em 28 de agosto de 430 em Hipona, Numídia, atual Annaba, Argélia. No Ocidente, na Europa, Américas é comemorado seu santificado no dia 28 de agosto. Na Igreja Ortodoxa é no dia 15 de junho e em 4 de novembro na Igreja Assíria do Oriente.
Obras Primas: A Cidade de Deus, e As Confissões.
Santo Agostinho considerava a FÉ como único sinal externo de que alguém pertenceria ao grupo dos escolhidos à SALVAÇÃO ETERNA. Além disso, defendia a ideia da PREDESTINAÇÃO – ou seja ato pelo qual Deus prevê infalivilmente a salvação dos fiéis, atuando sobre sua obra através da Providência Divina – que por seu poder ilimitado determina e controla todos os eventos por meio de “leis naturais” ou em providência especial por meio de MILAGRES. Ajudou a construir a doutrina do Pecado Original e da Teoria da Guerra Justa.
3.2 – TEOLOGIA TOMISTA
Santo Tomás de Aquino ou Tommaso D’Aquino (Roccasecca, 1225 a Fossanova, Lácio no Reino da Sicília em 7 de março de 1274) foi membro da Ordem dos Pregadores (dominicano), suas obras influenciaram a teologia e a filosofia, principalemente a tradição conhecida como Escolástica. É comemorado e celebrado no dia 28 de janeiro.
Criou uma nova concepção teológica, que afirmava a ideia do LIVRE-ARBÍTRIO, ou seja, o ser humano tem a possibilidade de colaborar ou não com Deus no empenho total de conseguir a Salvação, cabendo escolher entre o caminho do bem ou do mal. Nesta fase Escolástica Tomista da Igreja, os sacerdotes ou padres, bem como os demais membros do clero, adquiriram muita importância na definição do que era bem ou mal, portanto, através da CONFISSÃO, podia controlar os comportamento moral dos fiéis.
4 – Sentido Moral Religioso da Riqueza
Na medida que, na Baixa Idade Média, diminuía o isolamento e aumentava a população urbana, também aumentavam as atividades econômicas comerciais. A riqueza só era moralmente aceitável pela Igreja se fosse para servir aos pobres e necessitados. Novamente Santo Tomás de Aquino deixa clara a concepção da ÉTICA PATERNALISTA CRISTÃ, baseando-se nas práticas ascéticas de Cristo e outros mártires da Igreja como os franciscanos.
“é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma fechadura do que o rico passar pela porta do céu” - disse Jesus, quando ouviu um rico se negar quando Jesus propôs a este dar todos os seus bens para os pobres como resposta à pergunta do próprio rico em como faria ele, para segui-lo.
“ os ricos devem sempre estar dispostos a repartir e abrir a mão” dizia Santo Tomás de Aquino.
Essa ideia também aparece no Novo Testamento em Mateus 19 v 21:
“se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá-os aos pobres, e terás um tesouro no céu, depois vem. E segue-me”
Assim, os ricos, assim como o pai que cuida dos filhos, deveriam cuidar por caridade e partilhar seus bens com os mais necessitados, pois afinal não seriam todos irmãos perante a Deus? Essa ética paternalista não servia para aqueles que acumulavam riqueza, em especial a burguesia mercantil. Portanto, uma nova ética seria necessária, surge a ÉTICA PROTESTANTE.
5 – Ética Protestante
Seguindo a concepção do LIVRE-ARBÍTRIO o ser humano, fiel, ou crente, deve ter uma vivência cristã numa comunidade e seu sucesso no trabalho e nos negócios, representaria o resultado da “manifestação de Deus na sua vida”, seria um indicativo de provável predestinação de Deus, a riqueza deve ser reverenciada e agradecida mas não partilhada de forma paternalista aos demais membros da comunidade. Em alguns casos os “crentes” viverão em “comunhão de bens”, uma espécie de comunidade “socialista” baseados nos exemplos de Cristo, que partilhava o pão e multiplicava os peixes, onde tudo que a comunidade produz pertence ao Reino de Deus na terra. Tal concepção afrontará o poder dominante e passará a ser perseguidos como foi o caso do confronte entre Anabatistas(camponeses) e Luteranos apoiados pelos senhores feudais e Príncipes.
Nesta concepção de justificação da riqueza e das diferenças sociais está relacionada com a dedicação pessoal à Igreja e ao trabalho. Quanto mais trabalho mais riqueza e mais agradaria Deus que permitiria mais riqueza e sucesso. O calvinismo será a doutrina que melhor soube utilizarar-se deste princípio para justificar as diferenças sociais entre ricos e pobres cristãos.
6 – Valorização do Sentimento Individual da Fé
Em sintonia com os novos tempos modernos das Artes Renascentista e da revitalização da lógica científica – descobertas pela razão individualista cria a ideia da possibilidade do indivíduo, o fiel ou crente comunicar-se diretamente com Deus, sem intermediários. Se Deus é onipresente, Deus tudo vê e tudo ouve, portanto, bastaria ter fé em Deus para comunicar-se com Ele. Essa concepção afetava a hierarquia da Igreja e a autoridade do clero de uma modo geral.
7 – Crise Moral dos Membros do Clero
Acusações de SIMONIA=corrupção e NEPOTISMO=emprego ou favorecimento de parentes familiares dos membros do clero nas estruturas da Igreja com algum poder assolavam a Igreja e em especial alguns papados como foi o caso de Alexandre VI (1451 a 1503) que foi considerado o pior dos Papas em razão de comportamentos de luxúria e corrupção. Embora fosse considerado um grande mecenas da Arte Renacentista, Alexandre VI foi acusado de ter filhos(nicolaísmo= não respeitar a condição de celibatário ou castidade clerical) e deleitar-se com muitas mulheres em festas nas dependências do Vaticano. Ocorreram conflitos entre candidatos a Papa, há relatos de mortes inclusive em razão destas disputas. Por essa razão muitos fiéis, descontentes com esses comportamentos mundamos, apoiaram novas igrejas reformistas.