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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Revolução industrial

Instituto Estadual Rio Branco                                                                  História                                                                                                                                                            Prof. Otávio

                   Revolução Industrial

I – Revolução Industrial – Conceito

    Processo de transição de uma sociedade de base economicamente agrícola artesanal/manufatureira para outra fase do processo evolutivo da humanidade tornando-se predominantemente urbana e industrial em série. O exemplo histórico que explica este processo foi o que ocorreu na Grã-Bretanha/Inglaterra no período de 1750 a 1830 – 1º fase, que caracterizou-se por intensa transformação estrutural.

    O crescimento econômico verificado na Inglaterra, durante esta fase deve-se a uma série de fatores interligados e históricos como veremos a seguir:

     1º Período – anterior a Revolução Industrial e que a possibilitou acontecer:

  1. MUDANÇA FILOSÓFICA – RELIGIOSA : O fim da influência da Ética Paternalista cristã e a sua substituição pela Ética Protestante no norte da Europa. Assim, os países que passaram pela REFORMA, atingiram a dianteira na Revolução Industrial. A mudança nos valores da sociedade européia, possibilitou a exploração econômica racionalizada da produção e a distribuição desigual dos dividendos produzidos pelo conjunto dos trabalhadores diretos, ou operários e camponeses, que agora não são mais “servos do senhor feudal” e sim necessitados de salário para sobreviverem.
  2. INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DA EUROPA: com maior liberdade intelectual dos cientistas às restrições religiosas, foi possível o resgate da “lógica aristotélica” acrescida do “racionalismo cartesiano” , produziu instrumentos, conhecimentos, máquinas, processos químicos etc. que serviram de base para a REVOLUÇÃO COMERCIAL MERCANTIL e o COLONIALISMO MODERNO. Embora os países ibéricos católicos tenham saído a frente,  chegam porém, esgotados no final do século XVII;
  3. COLONIALISMO MODERNO: A acumulação de capital na Europa se dá a partir do surgimento de novas técnicas produtivas e o acesso a grandes reservas de recursos naturais no continente africano, americano e asiático. Esse processo só foi vitorioso com o uso da escravidão, sendo então o primeiro passo para a atual GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA.

 

2º Período – corresponde a implantação da Revolução Industrial e do “novo”, para época, sistema econômico – social, o CAPITALISMO.

  1. CONCEITO DE CAPITAL – Em economia, conjunto de “bens” empregados na produção e na transformação do trabalho que podem ser: 1- solo , a posse da terra, 100 hectares por exemplo,  ou as máquinas e/ou utensílios/ferramentas. Assim, o conjunto solo+máqunas + ferramentas formariam o CAPITAL FIXO; 2- matérias-primas como minérios, recursos naturais, produtos agrícolas (grãos), componentes e produtos semi-acabados formariam o capital circulante. Ambos possibilitam a produção de bens duráveis e de consumo imediato ou não duráveis. Para os economistas clássicos, o capital fixo + capital circulante + o trabalho são os fatores da produção capitalista. Alguns economistas modernos e contemporâneos consideram como capital a “capacidade administrativa”, a “habilidade profissional” e a “educação/conhecimento”. Diante do problema de encontrar a combinação mais lucrativa de recursos para a fabricação de bens, a decisão de investir capital produtivo, é motivada pelo custo e disponibilidade da mão-de-obra qualificada, dos recursos naturais, do custo do dinheiro para o “capital de giro”, e os investimentos também são influenciados pela política de juros, política econômica, a tal das condições da “macro-economia que podem definir as condições e o tamanho do mercado consumidor.

  As atuais potências econômicas, sozinhas ou em “blocos econômicos”, são mais ou menos industrializadas na medida em que são mais ou menos capitalizadas, enquanto os países em desenvolvimento enfrentam crises de oferta de capital e o problema da falta de poupança interna para reinvestir na sua própria estrutura produtiva.

 

II FORMAÇÃO DE CAPITAL

      A formação de capital ou a acumulação primitiva de capitais, corresponde ao conjunto de processos pelos quais, uma economia/sociedade/pessoa/governos etc., poupa recursos, que d’outra maneira serviriam ao consumo imediato e improdutivo e os transforma em capital. A repetição dos ciclos produtivos, seriam impossíveis se toda a produção ou os lucros obtidos fossem integralmente consumidos. Assim, uma parte da produção anual deve ser destinada à RENOVAÇÃO DE CAPITAL DEPRECIADO, e mais ainda, na ampliação da capacidade produtiva.

      Ordinariamente, a poupança é feita pelas pessoas ou empresas, deixam então de distribuir ou consumir, uma parte de seus lucros/sobras e a destinam aos seus fundos de investimentos. Segundo o economista alemão Karl Heinrich Marx ( 1818 a 1883), o período de acumulação originária de capital, a partir do século XV, inclui, na Inglaterra, a expulsão dos camponeses de suas terras através dos enclosures. Significou o processo de cercamentos das propriedades rurais desenvolvido na Europa entre os séculos XV e XVIII. Até então, o que caracterizava a estrutura agrária da Europa, era o sistema de campos abertos, pelo qual o camponês cultivava faixas alternadas por bosques, prados e pastos de uso comum. A destruição deste sistema, pela prática dos cercamentos, originou-se na Inglaterra, onde o preço da lã levou a nobreza rural a cercar suas terras para a criação de ovelhas. Assim ocorreu a expulsão dos camponeses para alinharem-se nas zonas urbanas das cidades que cresciam muito rapidamente, formando assim, uma constante reserva de mão-de-obra barata para o crescente novo sistema industrial capitalista.

     Concluindo a acumulação primitiva de capitais dos países do norte da Europa salientamos:

1 – a ruína e desestímulo dos artesões autônomos que foram despojados de seus rendimentos e desatualização tecnológica de seus meios de produção;

2 – os lucros obtidos através do processo de endividamento das finanças dos países, a chamada dívida pública, que passa a ser paga a custa dos esforços da população quando paga mais impostos;

3 – as fraudes e corrupções comerciais que favorecem alguns poucos da sociedade;

4 – o saques das riquezas naturais das colônias da América, África e Ásia que são extraídas a força ou com a conivência das elites locais;

5 – o escravismo como sistema de produção resgatado da antigüidade e posto em prática na época moderna, possibilitou a produção de riquezas que foram apropriadas pelas metrópoles européias, gerando a desestruturação produtiva do continente africano, ocasionando sérios problemas sociais e conflitos étnicos, tanto nas colônias americanas como no próprio continente africano. Assim, o somatório dos enclosures e os cinco fatores, levaram a acumulação de capital, necessária para a revolução industrial e o novo sistema, o capitalismo.

 

III- AS REVOLUÇÕES BURGUESAS NA INGLATERRA

     As revoluções burguesas liberais como a Revolução Puritana e Gloriosa, deram as condições políticas favoráveis ao novo sistema com o avanço da influência política da burguesia, enquanto classe, na condução e nos rumos que a sociedade tomaria para beneficiar esta nova classe social.

A – A REVOLUÇÃO PURITANA de 1642 a 1649

     Foi a revolução surgida em razão do conflito entre o Rei + a nobreza + anglicanos + católicos contra o parlamento com maioria burguesa puritana que levou a derrubada do rei e a execução de Carlos I em 1649. Além disso, estabeleceu a REPÚBLICA sob a liderança do ditador Oliver Cromwell(1599 a 1658).

    A Guerra começa quando o rei nega-se a acatar a “Grande Advertência” que foi um manifesto político do parlamento que procurava limitar os poderes do rei. A burguesia recorre as armas e vitoriosa, assume o poder.

    O governo de Oliver Cromwell foi a única experiência republicana inglesa até hoje, seu poder ditatorial levou-o  a ser considerado Lord protetor da Inglaterra. Impôs ao país, uma severa ordem interna com a repressão aos católicos da Irlanda e a consolidação do poder marítimo-comercial inglês, ao baixar o ATO DE NAVEGAÇÃO em 1651 e a consequente derrota dos holandeses em 1652 e 1654.

    O saldo do governo republicano, foi transformar a Inglaterra na maior potência marítima comercial, já na época moderna. Logo após a morte de Cromwell, o parlamento restaurou o sistema monárquico com a Dinastias dos Stuart.

  1. REVOLUÇÃO GLORIOSA 1688 a 1689

    Com o término da experiência republicana, os filhos de Carlos I, Carlos II (1660 a 1685 ) e Jaime II ( 1685 a 1688) reassumem o poder na Inglaterra. No entanto, os conflitos políticos continuaram devido a proteção aos católicos, as tentativas de restabelecer o catolicismo no país bem como o absolutismo monárquico. Assim, em 1688, à medida que os conflitos entre o rei e o parlamento , representante dos interesses da burguesia, aumentavam e agravavam-se com os conflitos religiosos, inicia-se uma nova revolução. A burguesia alia-se a Guilherme de Orange (1650 a 1702) que já era rei da Holanda desde 1672 até 1702. O rei Jaime II, não confiando no parlamento, manteve um grande exército de prontidão. O nascimento de seu filho ameaçava tornar a Inglaterra, uma monarquia católica permanente, os WHIGS e os TORIES  se uniram e venceram o rei Jaime II. Convidaram Guilherme de Orange, o rei holandês, para assumir o trono, porque era casado, desde 1677, com Maria Stuart, filha portestante de Jaime II. A burguesia assim, para selar o seu poder, acorda e obriga o novo rei a assinar a DECLARAÇÃO DOS DIREITOS que foi aprovada também pelo parlamento em 1689. Tal declaração tornou-se lei, onde os poderes do rei, ficavam limitados com garantias a liberdade de expressão de todos os cidadãos, em especial, os cidadãos burgueses.

    Através deste movimento liberal burguês, a burguesia, enquanto classe social que obtinha já o dinheiro, agora adquiria mais poder quando impõe o princípio: “O REI REINA, O PARLAMENTO GOVERNA”, através da figura do primeiro ministro. Assim, a Revolução Gloriosa de 1689, antecedeu a Revolução Francesa em quase um século, favorecendo a estabilidade política e a expansão comercial inglesa, dando condições políticas básicas para o desenvolvimento da Revolução Industrial.

 

 

4 – CONCEITO DE CAPITALISMO

     Constitui-se no atual sistema econômico e social, predominantemente na maioria dos países do mundo. Industrializados ou em processo de industrialização. Neles, a economia se baseia na separação social entre os trabalhadores diretos na produção que são juridicamente livres, que dispõem apenas da força de trabalho ou conhecimentos, ou ainda capacidades, que as vendem no mercado de trabalho em troca de salário, e de outro lado, os capitalistas, que são os proprietários dos meios de produção que contratam os trabalhadores para produzirem mercadorias, bens e serviços dirigidos para o mercado consumidor alvo, visando à obtenção de lucro.

     O lucro é o rendimento de grandeza variável, especialmente ligado ao capital investido pelo industrial, comerciante ou prestador de serviços, o lucro difere-se do juro, que é o rendimento de grandeza pré-fixada, remunerador do capital, valor/dinheiro emprestado aos investidores ou empresários. No caso industrial, o lucro é a margem residual entre os custos de produção + impostos e o preço de mercado do produto que os consumidores podem pagar; já no caso do comerciante, é a margem residual, entre o preço de compra do produto no mercado atacado, e seu preço final de venda no mercado varejo.

     As escolas econômicas clássicas, neoclássicas da economia política, consideram o lucro uma remuneração justificada de diversas maneiras de obtenção: a abstinência do consumo pessoal/empresarial e poupança com vistas a rendimentos futuros, risco de investimentos, engenhosidade e criatividade dos empreendedores, inventos etc., posse de um fator de produção escasso no mercado. Para o marxismo econômico, o lucro é uma forma da mais-valia, que pode ser obtida de forma absoluta ou relativa.

    Vários cientistas sociais e economistas de destaque, procuraram explicar o surgimento e funcionamento do capitalismo. Para o economista alemão Werner Sombart (1863 a 1914), a essência das motivações subjetivas dos agentes econômicos do capitalismo, não está na economia, mas no “espírito” que se desenvolveu dentro da burguesia que surgiu desde o fim da Idade Média. Esse espírito, teria levado os burgueses a perceberem que o melhor método para adquirir riqueza não era o de acumular bens, mas acumular capital.Max Weber (1864 a 1920), economista e sociólogo alemão, que procurava estudar o sentido da ação humana individual através do método da compreensão , que envolveria uma reconstrução do sentido subjetivo original da ação humana, e o reconhecimento da parcialidade da visão do observador dos fenômenos sociais. Max Weber, caracterizava o capitalismo pela predominância da burocracia que é um termo aplicado às organizações sociais baseadas na hierarquização e na especialização das funções. A estrutura burocrática, com suas normas, constituiria a expressão concreta da racionalidade e eficiência próprias desse sistema, tendo como traços fundamentais:

  1. – obrigações e cargos delimitados segundo uma divisão de trabalho sistemática, de acordo com regulamentos claros;
  2. – vínculos exclusivamente empregatícios impessoais entre a organização produtiva e os funcionários;
  3. – organização hierárquica dos cargos;
  4. – sistemas de promoção que permitam aos funcionários fazerem carreira dentro da organização;

     Assim , as empresas deixam de ser domésticas, de família, e passam a Ter vida própria, exigindo, devido ao tamanho crescente, sistemas contábeis, administrativos de gestão, altamente racionais para garantir a obtenção de lucros constantes.

 

 

5 –FÁBRICAS E A MECANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO

    O desenvolvimento do capitalismo gerou a criação de fábricas, equipadas com máquinas recém inventadas e que produziam maior volume de bens industrializados a preços mais baixos, suprindo a crescente demanda do mercado nacional e internacional.

    A fábrica caracteriza-se pela concentração de trabalhadores com tarefas especializadas, de acordo com a divisão qualitativa do trabalho, e pelo emprego de máquinas – ferramentas , que transformam as matérias primas. Distingui-se do artesanato, em que um único trabalhador executa todas as operações necessárias a produção de um bem, e da manufatura, que reúne muitos artesãos no mesmo estabelecimento.

   A princípio, as máquinas –ferramentas eram movidas pela força motriz da roda-d’água. Essa tecnificação produtiva, ocorreu inicialmente na indústria têxtil. Entre as principais invenções desse período contam-se a lançadeira volante de John Kay (1704 a 1764), inventor inglês que criou uma máquina de abrir e tecer lã que foi patenteada em 1733, acelerou a velocidade da tecelagem, mas ao mesmo tempo que reduzia a mão-de-obra necessária. Logo foi inventada a máquina de fiar chamada de “jenny” , criada por James Hargreaves (1720 a 1778), que era uma máquina manual com vários fusos, que permitia a uma só pessoa fazer diversos fios ao mesmo tempo, integrava o equipamento próprio da industria doméstica. Sir Richard Arkwright (1732 a 1792) criou a máquina de fiar movida a roda-d’água em 1769.

    A produção de novas máquinas recebeu grande impulso a partir  de 1709, quando Abraham Darby conseguiu fabricar, com coque, ferro  doce de boa qualidade. Outra descoberta fundamental foi a máquina a vapor  que produzia movimentos rotativos, patenteada por JAMES WATT (1736 A 1819) em 1769. Criou o termo horse power ou cavalo de força que serviria para indicar a potência de trabalho dos motores.

   A partir de 1830, as ferrovias e navios a vapor permitiram a formação de uma rede de comunicação e transportes mais ampla e eficiente, interligando os novos centros industriais, as fontes de matérias-primas e os mercados consumidores.

Depois da leitura atenta do texto responda as seguintes questões:

1 – Como é determinada a decisão de investir capital por parte das empresas, investidores e

pessoas?

2 – Por que seria impossível a repetição dos ciclos produtivos se fossem consumidos todos os recursos advindos da produção?

3 – Qual o significado dos enclosures para o surgimento do capitalismo?

4 – Qual o papel do escravismo moderno na formação do capitalismo?

5 – Explique o que foi e qual o significado da Declaração dos Direitos de 1689?

6 – Qual(ais) características distinguem o capitalismo dos demais processos históricos de produção como o escravismo e o feudalismo por exemplo?

7- Qual a diferença entre lucro e juros?

8 – Qual a diferença entre o lucro do industrial e o do comerciante?

9 – Qual a função da burocracia no sistema capitalista segundo a visão de Max Weber?

10 – Explique as diferenças entre fábrica industrial, fabricação artesanal e manufaturada.

 


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