Resumo da Obra de Barthes – Câmara Clara ou Câmara Lúcida.
“
a vida é, assim, feita de golpes de pequenas solidões… Meu
interesse pela fotografia adquiriu uma postura mais cultural.
Decretei que gostava da Foto contra o cinema, do qual
todavia, eu não chegava a separá-la. Essa questão se fazia
insistente. Em relação à Fotografia eu era tomado de um desejo
“ontológico”: eu queria saber a qualquer preço o que ela era
“em si”, por que traço essencial ela se distinguia da comunidade
de imagens.” […] “eu não estava certo de que a Fotografia
existisse, de que ela dispusesse de um “gênio” próprio”. Pág.
11
Classificação?
“A Fotografia se esquiva” para formar-se um “corpus” ( uma
base científica).
Divisões
empíricas e de fato da fotografia.
PROFISSIONAIS |
AMADORAS |
Retóricas
– PAISAGENS – OBJETOS – RETRATOS – NUS
|
|
Estéticas
– REALISMO – PICTORIALISMO
|
|
Exteriores ao objeto sem relação com a sua essência com o Novo de que ela foi o advento. |
Conceito do
que é Fotografia segundo Barthes é inclassificável e “Qual a
causa desta desordem é:
“ o que a
Fotografia reproduz ao infinito só ocorreu um vez: ela repete
mecanicamente o que nunca mais poderá repetir-se existencialmente.”
O
acontecimento jamais se sobrepassa para outra coisa.
PARTICULAR
ABSOLUTO ou CONTINGÊNCIA SOBERANA?
“ o real
em sua expressão infatigável”. Lacan 53-66.
“ Isso é
isso, é tal!” “Olhem” , “Olhe” “Ei aqui”
o “VIS – À – VIS – linguagem dêitica.
A
fotografia sempre traz consigo seu referente, colado um ao outro com
a referência significante. Teimosia do referente – a essência.
Fatalidade:
não há foto sem alguma coisa ou alguém. Uma foto é sempre
invisível, não é ela que vemos. O refente adere. Uma foto pode
ser objeto de 3 práticas e/ou emoções ou ainda intenções –
fazer, suportar e olhar.
Agentes
do processo da Fotografia
Operator
– fotógrafo. A emoção do operador, a relação com o pequeno
orifício, o estênopo pelo qual ele olha, limita e enquadra e coloca
em perspectiva o que ele quer captar e surpreender. Depois a foto
para por dois processos o químico e o físico onde revela-se o
objeto da foto. O operador elege a visão recortada pelo buraco de
uma fechadura da câmara obscura.
O gesto
essencial do Operator é o de surpreender alguma coisa ou
alguém (pelo pequeno orifício da câmara) e que esse gesto, é,
portanto, perfeito quando se realiza sem que o sujeito fotografado
tenha conhecimento dele. Deste gesto, derivam abertamente todas as
fotos cujo princípio ( seria melhor dizer cujo álibi) é o
“choque”; pois o “choque” fotográfico (bem diferente do
punctum) consiste menos em traumatizar do que em revelar aquilo que
estava tão bem-oculto, que o próprio ator dele estava ignorante ou
inconsciente. Assim, toda uma gama de “surpresas” assim são elas
para mim, Spectator, mas para o Fotógrafo são “desempenhos”.
Spectator
– somos todos nós que compulsamos
Fotografado
– o alvo, o referente. Pequeno simulacro de eídolon emitido pelo
objeto spectrum da fotografia, espetáculo “o retorno do morto”.
Além dos
processos químicos e físicos há as 2 experiências: a do sujeito
olhado e a do sujeito que olha.
Escolhe
como guia no estudo da Fotografia a COMOÇÃO. “Posar” -
Fabrico-me – transformação ativa. E se a Fotografia podesse dar
um corpo neutro? Ou ainda Fato objetivo do tipo PHOTOMATON, ver-se
a sim mesmo. A foto e a fotografia de acesso a qualquer pessoa
provoca um distúrbio na civilização moderna que não é só a
elite que pode retratar-se. Antes da fotografia a visão do duelo
Heautoscoscopia de uma alucinose. Mal – estar: “Me olho em um
papel”. Distúrbio de propriedade. A quem pertence minha foto?
Incerteza de uma sociedade para qual o sujeito, o ser basea-se em
ter. A fotografia o ser vira objeto. O espartilho de minha essência
imaginária. Foto-retrato= campo cerrado de forças. 4 imaginário
diante da objetiva: 1 – sou o meu tempo aquele que eu me julgo; 2 -
daquele que eu gostair que me julgassem;3 – aquele que o fotógrafo
me julga e 4 – aquele que seria para divulgar sua arte.
Não paro
de me imitar – toda vez que é fotografado a sensçaõ de
inautenticidade. Micro experiência da morte tornando-se espectro.
Toda imagem é a morte em pessoa. O outro, é outros desaproriaram-me
de mim mesmo fazendo-me objeto, isso é o eidos de foto. A desordem
reencontra-se no spectador que eu era e interrogo.
A atração
por certas fotos – fascinação? O que uma foto dá um estalo?
Aventura? Ela a aventura me anima é o que toda aventura produz.
“Como
Spectador, eu só me interessava pela Fotografia por “sentimento”:
eu queria aprofundá-la, não como uma questão ( um tema), mas como
uma ferida: vejo, sinto, portanto noto, olho e penso.” pág. 26.
Conceito
de Studium
“O que
experimento em relação a essas fotos tem a ver como um afeto médio,
quase com um amestramento. Eu não via, em francês, palavra que
exprimisse simplesmente essa espécie de interesse humano; mas em
latim, acho que essa palavra existe: é o studium que não
quer dizer estudo mas a aplicação a uma coisa, o gosto por alguém,
uma espécie de investimento geral, ardoroso mas sem acuidade
particular.”
“Muitas
fotos, infelizmente, permenecem inertes dianta do meu olhar.”
“O
studium é o campo muito vasto do desejo indolente, do
interesse diversificado, do gosto insconsequente: gosto/não gosto, I
like/I don’t. O studium é da ordem do to like, e
não do to love, mobiliza um meio desejo, um meio querer, é a
mesma espécie de interesse vago, uniforme, irresponsável, que temos
por pessoas, espetáculos, roupas, livros que consideramos
“distintos”.” Reconhecer o studium é fatalmente
encontrar as inteções do fotógrafo, entrar em harmonia com elas,
aprová-las, desaprová-las, mas sempre compreendê-las, discuti-las
em mim mesmo, pois a cultura ( com que tem a ver o studium) é
um contrato feito entre os criadores e os consumidores.
“O
studium é uma espécie de educação ( saber e polidez) que me
permite encontrar o Operator, viver os intentos que fundam e
animam suas práticas, mas vivê-las de certo modo ao contrário,
segundo meu querer de Spectator.
Isso
ocorre um pouco como se eu tivesse de ler na Fotografia os mitos do
Fotógrafo, fraternizando com eles, sem acreditar inteiramente neles.
Esse mitos visam evidentemente reconciliar a Fotografia e a sociedade
dotando-a de funções, que são para o Fotógrafo outros álibis.
Essas funções são: informar, representar, surpreender, fazer
significar, dar vontade. E eu, Spectator, eu as reconheço com mais
ou menos prazer: nelas invisto meu studium ( que jamais é meu gozo
ou minha dor).” pág. 32.
Conceito
de Punctum
O segundo
elemento vem quebrar ( ou escandir) o studium. Desse vez não
sou eu que vou buscá-lo ( como invisto com minha consciência
soberana o campo do studium, é ele que parte da cena, como
uma flecha, e vem me transpassar. Em latim existe uma palavra para
designar essa ferida, essa picada, essa marca feita por um
instrumento pntudo, essa palavra me serviria em especial na medida em
que me remete também à ideia de pontuação em que as fotos de que
fala são , de fato, como que pontuada, às vezes até mesmo
mosqueadas, com esses pontos sensíveis, essa marcas, essas feridas
são precisamente pontos. Esse segundo elemento que vem contraria o
studium chamarei então de
punctum… O
punctum de
uma foto é esse acaso que, nela, me punge, mas também me mortifica,
me fere.
Neste
espaço habitualmente unário, às vezes ( mas infelizmente, com
raridade) um “detalhe” me atrai. Sinto que basta sua presença
para mudar minha leitura, que se trata de uma nova foto que eu olho,
marcada a meus olhos pro um valor superior. Esse “detalhe” é o
punctum ( o que me punge).
“Não
é possível estabelecer uma regra de ligação entre o Studium
e o Punctum ( quando
ele está presente). Trata-se de uma copresença, é tudo o que se
pode dizer: as freiras “estavam lá”, passando no fundo, quando
Wessing fotografou o soldados nicaraguenses: do ponto de vista da
realidade ( que talvez seja a do Operator), toda uma causalidade
explica a presença do “detalhe”: a Igeja está implantada nesses
países da América Latina, a freira são enfermeiras, deixam-nas
circular etc. O Punctum é um “detelhe” ou seja, um objeto
parcial.” pág. 44.
I
– Exercícios e Atividades
1
– Verifique as fotos suas que mais gosta e procure identificar o
Studium e o Punctum das mesmas – no mínimo duas fotos.
2
– Fotografe com seu celular o dos colegas uma foto que tenha os
dois elementos apresentados por Barthes.
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